segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O bem amado

Por João Elter Borges Miranda


A minha contribuição para o projeto
Cachoeira Alta tem Histórias”. Um causo da época que eu trabalhava no mercadinho da minha família.
Quem trabalha (ou não) no comércio, sabe a loucura que é a época natalina. Todo mundo quer ser atendido ao mesmo tempo. todo mundo deixa a paciência em casa e corre pro varejo. êêê. pois bem, a cena a seguir ocorreu um dia antes do natal, ou seja, quando o caos imperava.

freguesa (em um só fôlego): Boa tarde, moço.  Eu gostaria de dar um presente para o meu futuro namorado ("futuro namorado"). é, a gente ainda não ficou ("a gente ainda não ficou"), mas é que eu estou investindo na relação... ("estou investindo na relação").

eu (respirando fundo): hm. sei.

(freguesa pega um chapéu de cowboy, uma corda e preservativos)

freguesa (com uma cara de ?): dá a entender que sou uma namorada descolada ("descolada") se eu der isso para ele?

eu (sentindo uma pontada na cabeça): hm. sim.

(satisfeita com a resposta, freguesa decide, imediatamente, levar tudo)

freguesa (ansiosa e pulando): obrigada, você me ajudou bastante!

eu (praticando a paciência budista): hm. de nada.

cai o pano.

Sabe o tipo de conversa que você só consegue prestar atenção em alguns trechos de tão absurdos que são? daí, quando a pessoa pergunta a sua opinião, você não encontra outro tipo de resposta que não seja "hm" porque aqueles pedaços marcantes continuam ecoando na sua cabeça? pois é.


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