Por Irineu Moreira da Costa
Cachoeira Alta, em 1966, ano em que me fiz mais um cachoeiraltense era ainda um lugar pequeno e encravado na roça. Porém, mesmo em que pese a sua rusticidade da época, foi um encanto para mim. Fez parte do meu passado, hoje de saudosas lembranças em minha memória. A atividade econômica predominante era a rural, ressalvados pequenos comerciantes e prestadores de serviços. Lembro-me que no início de 1966 a tão sonhada comarca ainda estava por instalar. Por isso, a referida comarca continuava sendo Rio Verde.
A pacata e estimada corrutela, ao que me lembro, tinha apenas três ruas paralelas principais: Cruzeiro do Sul (nos fundos), Belo Horizonte (no meio) e São Paulo (a mais de cima). Não havia calçamentos e, por isso, lama e poeira se alternavam. Tudo ali era muito primitivo, pois, não havia televisão, telefone, água tratada e energia elétrica, salvo a gerada por um motor diesel que era ligado do anoitecer até as 22 horas. Lembro-me muito do funcionário conhecido por "Ticreca", o qual ligava e desligava o motor gerador da energia. Antes de desligar o motor Ticreca dava alguns "piscados" nas lâmpadas a fim de avisar que no terceiro e último piscado o motor seria desligado. Por isso, era intenso o uso de lanternas nas escuras ruas da cidade.
A pacata e estimada corrutela, ao que me lembro, tinha apenas três ruas paralelas principais: Cruzeiro do Sul (nos fundos), Belo Horizonte (no meio) e São Paulo (a mais de cima). Não havia calçamentos e, por isso, lama e poeira se alternavam. Tudo ali era muito primitivo, pois, não havia televisão, telefone, água tratada e energia elétrica, salvo a gerada por um motor diesel que era ligado do anoitecer até as 22 horas. Lembro-me muito do funcionário conhecido por "Ticreca", o qual ligava e desligava o motor gerador da energia. Antes de desligar o motor Ticreca dava alguns "piscados" nas lâmpadas a fim de avisar que no terceiro e último piscado o motor seria desligado. Por isso, era intenso o uso de lanternas nas escuras ruas da cidade.
Roberto Carlos nos anos 60 |
Calçamento da Av. Presidente Vargas em 1964 |
Antes da instalação de energia elétrica e de água tratada na cidade, era comum o uso de cisternas e de banhos tomados com água aquecida nos fogões de lenha. Um dos primeiros passos rumo ao desenvolvimento foi o calçamento de pedras nas ruas principais. Depois veio a energia elétrica na gestão do Prefeito Gil Barbosa de Freitas, fato que fez mudar os costumes da população, já que passaram a usar os primeiros utensílios elétricos, como geladeiras, enceradeira e outros.
Ainda na gestão do Prefeito Gil foi dado outro passo: a instalação de um sistema telefônico de uso local muito simples, porém uma novidade para a época. Consistia ele em linhas telefônicas ligadas a uma pequena central de atendimento, onde uma "telefonista" completava as ligações. As ligações eram feitas da seguinte maneira: o proprietário pegava o seu negão (aparelho telefônico grandalhão e preto) e colocava-o no ouvido. Com isso, um sinal aparecia na pequena central, quando, então, a telefonista atendia dizendo: "Centro!". O autor da ligação solicitava: "Ligue para o número tal!". A seguir, o solicitante da ligação ouvia um barulho estridente do cabo sendo enfiado pela telefonista na tomada do telefone objeto da ligação. Completava-se, assim, a chamada telefônica.
Como todos se conheciam, era comum o autor da ligação dizer à telefonista: "Liga na casa de fulano", sem, contudo, fornecer-lhe o número do telefone. Ou, ainda, ao ligar na própria residência, o autor da ligação apenas dizia: "Lá em casa!". A telefonista conhecia todo mundo pela voz, bem como tinha na cabeça, de cor e salteado, todos os números dos telefones. Assim, começou Cachoeira Alta a caminhar rumo ao progresso.
Ainda na gestão do Prefeito Gil foi dado outro passo: a instalação de um sistema telefônico de uso local muito simples, porém uma novidade para a época. Consistia ele em linhas telefônicas ligadas a uma pequena central de atendimento, onde uma "telefonista" completava as ligações. As ligações eram feitas da seguinte maneira: o proprietário pegava o seu negão (aparelho telefônico grandalhão e preto) e colocava-o no ouvido. Com isso, um sinal aparecia na pequena central, quando, então, a telefonista atendia dizendo: "Centro!". O autor da ligação solicitava: "Ligue para o número tal!". A seguir, o solicitante da ligação ouvia um barulho estridente do cabo sendo enfiado pela telefonista na tomada do telefone objeto da ligação. Completava-se, assim, a chamada telefônica.
Como todos se conheciam, era comum o autor da ligação dizer à telefonista: "Liga na casa de fulano", sem, contudo, fornecer-lhe o número do telefone. Ou, ainda, ao ligar na própria residência, o autor da ligação apenas dizia: "Lá em casa!". A telefonista conhecia todo mundo pela voz, bem como tinha na cabeça, de cor e salteado, todos os números dos telefones. Assim, começou Cachoeira Alta a caminhar rumo ao progresso.
E eu achando meu celular ruim porque não tem android. (risos)
ResponderExcluirBelo texto, Irineu.
Eu sou mais novo que o autor... porem lembro-me muito bem inclusive fui técnico da central telefônica de Cachoeira Alta, e outro que ampliou esta central telefônica foi o Prefeito Viriato Cunha, e que Claudio Toledo era Secretário de Telecomunicações. e eu Valdecy Ferreira de Freitas, na época Secretário da Fazenda e coletor e tesoureiro municipal. mais isto já em 1978.
ResponderExcluirO Resgate
ResponderExcluirA identidade de um povo é seu maior patrimônio. Este texto resgata com maestria parte do contexto sociocultural de Cachoeira Alta em um determinado espaço de tempo. A história do município, propalada oralmente apenas, é por vezes adulterada.
Fundamentar, documentar, embasar e, enfim, comprovar uma versão, é essencial – no sentido de aferir veracidade aos fatos. O autor é outro fator que deve ser considerado. Sua obra, sua formação, sua trajetória e seus princípios filosóficos devem ser averiguados.
Neste entendimento eu parabenizo o Senhor Irineu Moreira da Costa. Poucas vezes li um texto sobre a História de Cachoeira Alta tão consistente. Os valores culturais e sociais foram observados. Não existe bravatas nas construções, nem autoelogios. As afirmações são embasadas e de fácil comprovação.
Vale ressaltar que o mais admirável, entretanto, é a construção do texto. Polido, esclarecedor e aprisionador de leitores. Lindo texto.
Gil Barboza de Freitas Filho,
41, jornalista, acadêmico de Direito e servidor público no Estado de São Paulo.
21.01.2014.